aleatórias 10

Preparado pra mais uma noite solitária e fria.

Pensas de forma torta, se enganando dizendo não estar sozinho, a companhia de seus cigarros e litros de café é deveras confortável, mas essa não é a sua verdadeira vontade, sentia falta de uma mulher, de alguém que se entregasse a ele, mas não queria correr atrás desses ‘problemas’ novamente, a vida já andava preocupante de mais.

Já fazia anos que morava naquele apartamento, com janelas pequenas e mal ventiladas, o cheiro da umidade parecia característico do local, antes mesmo de sua mudança, mas era o que o fazia ter inspiração para suas pinturas.

Já não havia mais lugar no ‘quarto’ de empregada para por seus quadros, aquelas cores uniformes em tons singelos esboçavam realidades nos olhos de quem posava para ele.

Dias passavam, dias, semanas, meses, anos e a única coisa que o fazia sair de seus ‘território’ era a ida de todas as manhãs até a padaria do senhor Gilberto para comprar seus cigarros e apenas três pães, que o alimentava pela manhã, tarde e noite, aproveitava pedia uma média que dividia com o vira-lata que ali residia e voltava à toca do lobo solitário. Assim viveu até ontem, quando a vida lhe abriu um sorriso sarcástico.

Parecia ter voltado a sua juventude, mas ele nem sabia por que, a nova vizinha moradora do apartamento da porta a frente era a personificação da simplicidade.

Cabelos curtos e cacheados com mistura de leves cores, que lembravam bastante as que ele costumava usar em seus quadros, as curvas não era de uma miss universo mas só pelo movimento de sua anca era o suficiente para desnortear até mesmo um dos mais religiosos padres; as roupas era de uma menina simples, realmente simples.

E pela primeira vez o velho rabugento e ranzinza ficara corado próximo a uma mulher, ou melhor, uma menina.

Ela o cumprimentou enquanto o analisava o ‘velho’ comum saco de pão em um a das mãos e as roupas encardidas com a caixa de cigarros nada discretas no bolso na camisa.

Por segundos os dois trocaram olhares, ele se sentia ingênuo perante a pequena morena de aparentes um metro e sessenta.

Após isso como um uma dança sincronizada, ambos pegaram suas chaves com olhares sem graças e abriram suas respectivas portas, por percebem que se olhavam diferente.

(aleatórias10 pt1)